O Tempo de Aprender a Ver
Hoje, deparei-me com uma imagem aparentemente banal: uma escada. Mas, no instante em que meus olhos a tocaram, algo curioso aconteceu. As linhas não se encontravam, os ângulos não faziam sentido, e tudo parecia um emaranhado confuso, como se alguém tivesse bagunçado a ordem natural das coisas. Por alguns segundos, fiquei tentando entender, e foi então que, sem que nada mudasse na imagem, algo mudou dentro de mim.
Aos poucos, meu olhar se ajustou, meu cérebro reorganizou as informações, e aquilo que antes era apenas caos começou a tomar forma. A escada estava ali o tempo todo; eu é que ainda não estava pronto para vê-la.
Percebi que isso não é apenas um truque de percepção. É uma metáfora para a vida. Muitas vezes nos encontramos diante de situações que parecem incoerentes, injustas ou desconexas. Olhamos e não conseguimos entender por que as coisas estão dispostas daquela maneira. Achamos que algo está errado conosco ou no mundo, quando, na verdade, o que falta é apenas o tempo de processamento, aquele intervalo silencioso em que nossa mente, nossas emoções e nossa experiência se alinham para que possamos enxergar o sentido por trás do aparente caos.
O cérebro não nos engana. Ele apenas trabalha no ritmo da compreensão, montando o quebra-cabeça invisível que transforma confusão em clareza. Assim como na imagem da escada, a vida muitas vezes exige paciência para que possamos “enxergar” a estrutura que sempre esteve lá.
Talvez o sentido não esteja ausente; ele apenas não está pronto para ser visto. E, quando o momento certo chega, percebemos que nada foi por acaso, apenas estávamos olhando com olhos que ainda não sabiam ver.
Cleiton dos Santos
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