RELIGIÃO
Ate
onde consigo recordar tinha apenas cinco anos quando me foi contado o primeiro
conto bíblico. Jonas estava na barriga de um grande peixe e ganhei uma folha
pra colorir. Ainda me lembro da distancia entre a nossa casa e a igreja, era
uma longa e cansativa caminhada e às vezes ate ganhávamos carona na volta. Eram
exatamente 5 km caminhando a pé pra prestar adoração ao deus trino
cristão.
Ficava
maravilhado vendo e ouvindo o som da banda da igreja, alguns instrumentos
enormes outros pequenos, dourados e prateados. Aquele som me encantava. Depois
descíamos para o culto infantil, mas na verdade, se tratava de tirar as
crianças para que não corressem e incomodassem os adultos, assim não perdessem
o foco da mensagem ludibriativa que sofriam. Para as crianças se tratava apenas
de mais uma diversão, colorir desenhos e ouvir historinhas.
Durante
muito tempo ouvi essas histórias e acreditei nelas de uma forma tão perfeita
que nem mesmo me sujeitava a questiona-las.
Como
minha paixão pela música sempre foi meio mística, aprender a manusear aqueles
instrumentos era mais divino pra mim do que as histórias do livro sagrado
cristão.
Quando
comecei a me interessar pela bíblia, era mais em assuntos que divinizava a
música, no enlace que ela tinha com alma e como ela podia falar diretamente em
meu ser. Mais tarde a fim de fundamentar a minha fé, me dediquei a aprender
sobre o contexto geral e a historia desse livro. No entanto minha fé começou a
se desestruturar, como um edifício construído sem bases é derrubado pelas
forcas destrutivas da natureza. Era como o conto do próprio Jesus, onde certo
homem havia construído sua casa na rocha e outro homen havia construído na areia. Os ventos vieram e derrubaram a casa construída na areia, mas, a fundamentada na rocha ficou firme.
Fui
músico, professor de escola bíblica e um bom subordinado sem questionar ou
mesmo pensar em me afastar daquelas ideologias religiosas, ate o momento que a
base se mostrou não tão confiável assim. Fui chamado de inimigo de deus, filho
do diabo e confesso que de inicio eu mesmo me questionei sobre estar certo ou
não das novas convicções. No entanto a verdade se sobressaiu, foram muitas as
consequências, mas, preferi ficar do lado da verdade.
Quando
criança fui exposto a muitas histórias do livro sagrado cristão, porém muitas
dessas histórias não deveriam ser usadas para crianças. Fui aterrorizado minha
infância inteira com uma guerra entre bem e mal em um plano espiritual.
Guerra esta ao qual me colocava no meio sofrendo com pesadelos e
paralisias de sono ao qual me pareciam ser reais experiências
sobrenaturais.
Hoje
depois de quatro anos buscando respostas acerca do real e o irreal eu acabei
por não encontrar uma resposta clara, mas pelo menos encontrei uma paz de
espírito em tudo isso.
Hoje
tenho uma ideia bem ampla e me colocando no lugar certo no campo do
conhecimento reconheço que estou no menor grau da sabedoria e quero aprender
ainda mais e mais. Os pesadelos foram embora, vejo a vida de forma mais
objetiva e cada dia encontro motivos pra curtir a vida e me maravilhar com a
criatividade do criador. Como disse Platão o maior impedimento para a sabedoria
é achar que já se sabe, e muitos ignoram o conhecimento por acreditar em uma
verdade sem ao menos questiona-la.
Cleiton dos Santos
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