O CAMINHO DO MEIO
O que é realmente a solidão? Por que tememos tanto a solidão? É apenas a angústia de viver sozinho? Seriamos apenas medrosos em não querer passar por momentos difíceis sozinhos ou ter alguém pra nos ouvir quando estamos tristes? Alguém pra nos aquecer no inverno ou ate mesmo ter filhos pra ter alguém a quem recorrer no dia da morte?
Acredito que questionar e procurar respostas é o melhor caminho para o amadurecimento, no entanto, quando penso na solidão eu não tenho receio em estar só, eu tenho medo do meu eu, dos fantasmas que me assombram na minha solidão. A quem diga que, não saber viver consigo mesmo é um problema, pois, como poderia então viver na companhia de outros? Devemos então ser a mesma pessoa tanto só quanto em companhia de outros. O grande problema é que estar só implica em conviver consigo mesmo.
Não quero viver para mim, a fim de satisfazer os meus desejos, pois meu “eu” é egocêntrico, egoísta, busca apenas o benefício próprio. Sei que um dia estarei só em um túmulo, e tudo que busquei em benefício próprio não servirá de nada. Se buscar um corpo atlético, serei um cadáver forte, bonitinho, se buscar um corpo hidratado, uma pele bem cuidada serei um cadáver bem hidratado e de pele bonita, mas, ainda sim, um cadáver.
Não quero estar só na vida, não quero ter de conviver com meu eu, quero viver pra fazer alguém feliz, ser lembrado pela pessoa que tento ser, não por uma pessoa que só pensa em si. Tudo que eu quero é ser amado, e ter a certeza que mesmo imperfeito fiz alguém feliz, busquei oferecer o meu melhor e melhorar a cada dia.
Interiormente, temos dois animais dentro de nós, um arrogante, cheio de ódio e tristeza, e outro que deseja fazer o que é bom e toda vez que ficamos a sós com nosso eu interior um deseja dominar o outro. É preciso haver um equilíbrio nas dualidades, e esse equilíbrio consiste em qual você vai alimentar, qual estará à frente no domínio do seu veículo nesse mundo.
Parece-me bastante claro que buscar o equilíbrio é muito importante. Imagine como saberíamos o que é bom sem a consciência do que é mau. O mal só se caracteriza graças, primeiramente a existência do bem. O bem e o mal são forças que se anulariam caso existisse apenas uma. É assim que se sabe que ter saúde é bom, mas só para quem conhece a doença, que é algo mau. Ora quando damos importância ao tipo de bebida ou comida que consumimos? O importante é que sejam agradáveis ao nosso paladar. não existe doença sem que haja primeiramente a saúde. Da mesma maneira que estar triste ou estar feliz é um estado de espirito. Viver em completa felicidade não conceberia a consciência de estar vivendo a felicidade.
Como ensinou Buda, o caminho do meio, o equilíbrio entre as forças, o não extremismo, o caminho moderado, me parece mais prudente. Um tempo só é necessário, mas muito tempo sozinho pode não ser tão saudável a nossa sanidade. Somos seres sociais e podemos ate nos afastar de alguns, no entanto sempre precisaremos de alguém, seja pra conversar pois queremos ser admirados, seja pelo desejo, pelo abraço ou afeto.
Cleiton dos Santos
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