Todo amor acaba
Às vezes, eu gostaria de não me lembrar de todas as boas memórias que vivi, porque quando surge uma lembrança feliz, ela vem acompanhada de algo sombrio: a dor da perda. É como se cada momento de alegria carregasse consigo o peso da tristeza, e isso me faz sentir extremamente vulnerável. Essa dualidade é exaustiva e, muitas vezes, me faz questionar se vale a pena ter experimentado esses momentos tão especiais, apenas para depois ter que enfrentá-los sem a presença das pessoas que amamos.
Essas reflexões me atormentam constantemente, especialmente quando penso nos momentos que passei com meu pai antes de ele falecer. Cada risada compartilhada, cada conversa significativa agora é um lembrete do que perdi. A saudade que sinto é intensa e muitas vezes insuportável. Esses momentos, que deveriam ser um conforto, se tornam uma fonte de dor ao mesmo tempo em que eu os recordo com carinho.
E o amor... Ah, o amor! É uma força poderosa e transformadora na vida de qualquer um.
A verdade é que amamos nossa vida e as pessoas que nela entram, mas a morte é uma realidade inevitável. À medida que envelhecemos e vivemos novas experiências, encontramos pessoas incríveis ao longo do caminho—amigos, parceiros, familiares—e desenvolvemos laços profundos com elas. No entanto, essa conexão traz consigo a consciência de que elas podem nos deixar a qualquer momento. Essa ideia me tortura e me faz hesitar em abrir meu coração novamente.
Sinto que meu medo de amar está enraizado nesse receio da perda. O amor é um risco; ele pode ser maravilhoso e transformador, mas também pode trazer consigo a dor da despedida. Hoje percebo que todo amor acaba—seja por escolha ou por circunstâncias da vida. Essa é uma verdade difícil de aceitar, mas talvez seja um lembrete para valorizar cada instante vivido com quem amamos.
Ainda assim, mesmo com todas essas incertezas e medos, é preciso lembrar que cada momento vivido tem seu valor intrínseco. As memórias podem doer, mas elas também são testemunhas do amor que existiu. Talvez a verdadeira beleza esteja em saber aproveitar cada instante enquanto ele dura, mesmo sabendo que um dia tudo pode mudar.
Quem sabe essa dor nos ensine a valorizar mais intensamente cada instante? O amor pode acabar ou se transformar ao longo do tempo, mas as experiências e os sentimentos deixados para trás são eternos em nossa memória e coração. É esse ciclo da vida—um misto de alegria e tristeza—que nos torna humanos e nos permite apreciar a profundidade das relações que construímos ao longo do caminho.
Cleiton dos Santos
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