A TENTAÇÃO DO DESERTO E A PROMESSA DE JESUS
Nos evangelhos, especialmente em Mateus 4:8-10, encontramos uma cena reveladora: Satanás leva Jesus a um monte muito alto, mostra-Lhe todos os reinos do mundo e a glória deles, e faz uma proposta, “Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.” A resposta de Jesus é categórica e contundente: “Ao Senhor, teu deus, adorarás e só a ele prestarás culto.”
Essa passagem é mais do que um episódio isolado; é um ensinamento decisivo sobre o tipo de Reino que Jesus veio anunciar, e, por contraste, sobre os reinos que ele recusou. A glória, o poder, a ostentação, a riqueza e o domínio são os elementos centrais da proposta de Satanás. É a sedução do mundo, um atalho para a glória sem cruz, para o reinado sem renúncia, para a influência sem obediência a Deus. Mas Jesus queria tomar o mundo pela força nem ostentar poder transformando pedras em ouro. Ele queria instaurar um Reino que não é deste mundo, cuja glória é o amor e cuja lei é o serviço.
Diante disso, é preciso fazer uma análise crítica do tipo de mensagem que tem sido pregada em nome de Jesus em algumas igrejas. Quando se oferece, em nome de Deus, exatamente aquilo que Satanás ofereceu no deserto, sucesso, riquezas, casas, carros, status, fama, não estamos diante da boa nova do Reino, mas de uma espiritualização do desejo. Trata-se de uma inversão do evangelho, onde deus se torna meio para fins humanos, e não o fim último da existência.
Jesus nunca prometeu facilidade, mas fidelidade. Não prometeu riqueza, mas plenitude. Seu chamado é exigente: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Marcos 8:34). É um chamado à contramão, à renúncia das seguranças e glórias passageiras, em troca de um tesouro que não pode ser corroído pela traça ou pelo tempo.
A verdadeira prosperidade do evangelho está em outra esfera: é a paz que excede todo entendimento, é a liberdade interior, é a comunhão com Deus, é a alegria que não depende das circunstâncias. Aqueles que se tornam ricos do ponto de vista do mundo podem, como advertiu Jesus, tornar-se pobres diante de Deus (Lucas 12:21).
Portanto, é preciso discernimento para reconhecer que nem todo discurso religioso é fiel ao Evangelho. Muitos podem usar o nome de Cristo, mas apresentar a proposta de Satanás. E isso é grave, pois distorce o sentido da fé, reduz a cruz a um amuleto e transforma o Reino de deus em uma extensão do mercado.
Jesus recusou as glórias, para ensinar uma vida no mundo sem pertencermos a ele. Recusou os reinos da terra para oferecer um Reino eterno. A você como cristão, resta a escolha: seguir a promessa de glória sem cruz ou o caminho da cruz que conduz à glória?
Cleiton dos Santos
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