Duas Orelhas Uma Boca

"Os limites do meu conhecimento são os limites do meu mundo." Essa afirmação de Ludwig Wittgenstein ecoa em mim com força e lucidez. Com ela, compreendi que só posso verdadeiramente habitar aquilo que compreendo. Por isso, busco o diálogo com pessoas que dominam assuntos diversos, pois cada conversa se torna uma oportunidade de expandir não apenas meu conhecimento, mas também os contornos do mundo que posso experimentar.

Wittgenstein também me ensinou que "sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar." Essa ideia não é uma negação da complexidade, mas um chamado à responsabilidade com a linguagem. Nem tudo precisa ser dito, e nem tudo pode ser dito com clareza. O silêncio, muitas vezes, é mais sábio do que palavras mal colocadas.

A psicanálise, por sua vez, me ensinou o valor da escuta. Aprendi que ouvir verdadeiramente é um ato de presença e de respeito. O corpo humano, com sua simbologia silenciosa, reforça essa lição: temos duas orelhas e apenas uma boca, talvez um lembrete de que devemos ouvir o dobro do que falamos.

Hoje, para mim, esse é o princípio da sabedoria: escutar com atenção, silenciar o que é ruído, e falar apenas o necessário, e no tempo certo. Entre o saber e o calar, entre a escuta e a fala, há um espaço sagrado onde a compreensão floresce. E é nesse espaço que escolho habitar.

Cleiton dos Santos 

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