O DEUS QUE CRIOU OS HOMENS
Eu creio no deus que criou os homens, não naquele que os homens, por suas inseguranças, necessidades e vaidades, criaram à sua própria imagem e semelhança. Não creio em um deus moldado pelo medo do desconhecido, pela sede de controle ou pela tentativa de preencher o vazio da ignorância com uma figura paternal autoritária, sentado num trono celeste, julgando e castigando como um soberano medieval.
O deus em que creio não cabe nas molduras religiosas nem nas disputas doutrinárias. Ele não está aprisionado em templos nem restrito a livros. Ele pulsa na matemática perfeita que organiza o universo, nas leis imutáveis da física que regem estrelas, átomos e galáxias; na beleza ordenada do caos que, mesmo em sua aparente aleatoriedade, revela uma simetria profunda e misteriosa.
Quando olho para o cosmos, para a vastidão silenciosa do espaço, para a dança precisa dos planetas, para a complexidade elegante da vida, desde a célula mais simples até a mente humana capaz de contemplar o infinito, vejo ali as digitais de algo infinitamente maior. Não uma figura antropomórfica, mas uma inteligência tão vasta, tão sutil, tão profundamente consciente, que meu intelecto só pode se curvar diante de sua presença.
Esse deus não exige adoração cega, nem se impõe pelo medo. Ele convida à contemplação, à humildade e à conexão. Ele se revela na busca pela verdade, no amor pela beleza, na ética que transcende convenções, e na consciência que desperta em cada ser capaz de olhar para o céu e se perguntar: ‘Quem sou eu, neste universo tão vasto?’
Por isso, eu creio. Não por tradição, imposição ou superstição, mas porque em cada fragmento do real, do átomo ao infinito, há um eco do divino. E a esse mistério, eu chamo deus.
Cleiton dos Santos
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