O Peso das Expectativas
Hoje eu fiquei triste. Criei uma expectativa enorme, coloquei minha energia, minha esperança, meu coração em algo e, no final, tudo virou poeira, nada. É uma sensação difícil de descrever, quase como um vazio que vai tomando espaço por dentro. Fico tentando encontrar as palavras certas para expressar o que sinto agora, mas parece que nem elas são suficientes. Só sei que estou profundamente abatido.
Hoje, por um momento, eu senti vontade de fazer algo que há muito não fazia: beber, me afogar num copo de whisky, desligar um pouco a mente, calar o coração. É curioso, porque quem me vê por fora não imagina isso. Eu sou aquele cara que estuda, que lê, que tenta compreender os grandes mistérios da existência. Estudo ciência da religião, psicologia, psicanálise; busco respostas, busco entender o funcionamento do ser humano, os mecanismos do universo, as dores e as alegrias que nos atravessam. E, no entanto, aqui estou eu, rendido, vulnerável diante de um sentimento tão humano, tão simples e tão avassalador: a frustração.
Eu me pergunto: por que é tão difícil ser forte? Por que, mesmo sabendo tantas coisas, mesmo tentando trabalhar minha mente, minha espiritualidade, eu ainda me sinto derrubado por situações assim? Eu quero acreditar num mundo melhor, eu quero manter a esperança acesa no peito, mas, para ser honesto, tenho sentido essa chama enfraquecer.
Sempre digo para os outros (e até para mim mesmo) que tenho pouca fé, mas muita esperança. Eu gosto de pensar que, mesmo quando a fé vacila, a esperança continua ali, firme, sustentando os dias difíceis. Mas hoje, olhando para mim mesmo, percebo que até a esperança tem me escapado pelas mãos. É duro admitir isso, mas eu preciso ser sincero comigo mesmo: neste momento, eu me sinto como um fracassado. Não no sentido dramático, de quem perdeu tudo, mas no sentido profundo, de quem olha para dentro e se pergunta: “Por que eu não consigo simplesmente lidar com isso?”
Talvez o mais difícil de tudo seja perceber que, apesar de todo o conhecimento que acumulei, apesar das leituras, das reflexões, dos conselhos que sou capaz de dar aos outros, eu também sou humano. Eu também quebro, eu também sangro, eu também tenho noites escuras da alma. E talvez, só talvez, isso não faça de mim um fracassado, mas apenas alguém que sente, alguém que vive com intensidade.
Cleiton dos Santos
Comentários
Postar um comentário