O que o Dinheiro Não Alcança
Talvez ninguém realmente me entenda. E, sinceramente, às vezes nem eu mesmo sei se consigo me traduzir completamente. Há em mim um anseio silencioso, uma busca que vai além de palavras, além de metas concretas. O que eu mais quero nesta vida não pode ser comprado, medido ou acumulado. Não está em vitrines, não se encontra em contas bancárias e muito menos pode ser presenteado por alguém.
O que eu quero é entender.
Quero compreender como esse mundo funciona.
Quero decifrar as engrenagens invisíveis que movem a sociedade, as pessoas, as escolhas, o bem e o mal.
Mas quanto mais eu sei, menos tudo parece fazer sentido.
Estudo, observo, reflito. E ainda assim, a sensação de estranhamento cresce. Como se cada camada de conhecimento revelasse uma nova contradição. Como se a verdade fosse um horizonte que recua cada vez que dou um passo em sua direção. Isso não é frustração, é só um reconhecimento honesto: o mundo é mais complexo do que qualquer explicação pode alcançar.
Sim, eu sei. Muitos dizem que o sentido da vida é simplesmente viver. E, em parte, eu aceito essa ideia. Viver é, por si só, uma experiência sagrada, cheia de luzes e sombras. Mas há algo dentro de mim que não se contenta com a superfície. Existe uma inquietação profunda que me empurra para perguntas que não têm respostas fáceis, ou talvez não tenham resposta alguma.
Entre todas essas perguntas, uma me atravessa mais do que as outras: por que ainda existe tanta maldade?
Com tantos avanços, com tanta história acumulada, com tantas possibilidades de compaixão e solidariedade, por que ainda escolhemos ferir, dominar, excluir, odiar?
É como se a humanidade estivesse constantemente se debatendo entre o que pode ser e o que teima em repetir.
Talvez entender o mundo seja um fardo. Mas para mim, é uma necessidade. Porque enquanto não compreendo, algo em mim permanece incompleto.
E mesmo que nunca encontre respostas definitivas, mesmo que a vida continue a me confundir, eu sigo buscando.
Porque essa busca, por significado, por justiça, por sentido, é parte de quem eu sou.
E essa parte, ao contrário de tudo que o dinheiro pode comprar, é o que realmente me move.
Cleiton dos Santos
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