O Saber que Transforma
"Só é útil o conhecimento que nos torna melhores.” Essa frase, atribuída a diversas figuras ao longo da história, entre elas Sócrates, Platão e também Lev Tolstói, carrega um princípio universal: o verdadeiro valor do saber não está apenas em acumular informações, mas em provocar transformação interior. Um conhecimento que não toca o coração, que não eleva o espírito, é como um livro fechado: está ali, mas não cumpre seu propósito.
A Bíblia, em sua essência, caminha na mesma direção. No livro de Tiago, capítulo 1, versículo 22, lemos:
"Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos."
Aqui, o saber só tem valor quando colocado em prática. O ensino de Jesus também reforça isso quando diz:
"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8:32)
Mas essa verdade, para libertar, deve ser vivida, não apenas ouvida. A sabedoria bíblica não é um fim em si, mas um caminho para a justiça, a compaixão e a santidade.
Outras tradições espirituais compartilham dessa mesma visão. No Budismo, por exemplo, o conhecimento intelectual (prajñā) só é completo quando leva à compaixão (karuṇā) e à prática correta. Como disse o Buda:
“Melhor do que mil palavras ocas é uma única palavra que traz paz.”
A sabedoria, segundo o Dharma, deve ser vivida no cotidiano, dissolvendo o ego e promovendo a libertação do sofrimento.
No Islamismo, o Alcorão reforça que o conhecimento verdadeiro aproxima o ser humano de Deus. Em Sura 35:28, está escrito:
"Somente os que têm conhecimento temem verdadeiramente a Allah."
Ou seja, o saber não é fim de orgulho, mas de humildade, de consciência da própria finitude e da necessidade de retidão.
Na tradição hinduísta, os Vedas ensinam que o jñāna (conhecimento espiritual) só se realiza quando leva à moksha (libertação). Bhagavad Gita 4:38 afirma:
"Não há purificador igual ao conhecimento; aquele que atingiu a perfeição no yoga, com o tempo, o encontra dentro de si mesmo."
Esse conhecimento é diferente da mera erudição, ele é luz que dissipa a ignorância e conduz à harmonia.
Assim, em diversas tradições e épocas, o conhecimento é visto não como uma coleção de fatos, mas como um instrumento sagrado de evolução interior. Ele só cumpre seu papel quando nos torna mais éticos, mais humildes, mais compassivos.
De que adianta saber os caminhos se não damos um passo sequer? De que serve decorar palavras se elas não ecoam nas atitudes?
Que todo saber que chega até nós seja uma ponte, nunca um muro.
Uma ponte entre o que somos e o que podemos ser.
Cleiton dos Santos
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