Sua Criança Interior

E se a pessoa que você ama não fosse embora?

Talvez você não tivesse descoberto a profundidade do vazio que ela deixou. Talvez não tivesse escutado tão de perto o som do silêncio, nem sentido a ausência como presença constante. O amor, quando vai embora, deixa rastros, e é nesses rastros que muita gente começa a se buscar.

É estranho procurar tanto o amor?

Depende de onde vem essa busca. Se é desejo de conexão, de entrega, de partilha, isso é humano. Mas quando a busca vira obsessão, quando o outro vira espelho de um vazio antigo, aí talvez o amor não esteja sendo procurado, mas sim uma espécie de salvação. E o amor não veio pra salvar ninguém. Veio pra somar.

O que você perdeu pra buscar tanto o amor?

Talvez tenha perdido a sensação de ser visto. De ser aceito. De ser acolhido sem precisar se moldar, sem precisar provar que merece. Pode ter sido na infância, quando alguém não olhou, não ouviu, não cuidou. E aí cresce uma ferida que vira fome. E essa fome faz a gente confundir amor com necessidade.

Uma criança que se sentiu rejeitada a vida inteira se torna uma pessoa insegura.

Você aprendeu que seu valor depende do outro. Que precisa fazer mais, ser mais, agradar mais, pra ser digno de afeto. E cresce com medo de perder, medo de não ser suficiente, medo de ser quem é. Mas o que sua criança não sabia é que o amor que ela tanto buscava nunca deveria ter vindo de fora.

A cura começa quando essa criança interior é ouvida. Quando alguém, a segura pela mão e diz: “Você não precisa ser perfeito. Você já é amável, do jeito que é.”

É aí que a busca pelo amor vira algo mais calmo. Menos fome, mais escolha. Menos desespero, mais verdade.

Cleiton dos Santos 


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